Fortaleza tem que deixar de ser 3 cidades em 1

Em 31 de outubro de 1921 o então governedor Justiniano de Serpa assinou um decreto (decreto é uma arma geralmente usada para atos autoritários) que incorporava os então municípios de Parangaba e Messejana ao município de Fortaleza e no ano que vem teremos eleições municipais.

Parangaba era uma aldeia indígena que foi catequizada e pacificada pelos padres jesuítas, o Marquês de Pombal depois de expulsar os jesuítas mudou o nome do lugar para o nome português de Arronches, deixou o local abandonado e houve sua 1. anexação à Fortaleza, depois ele foi emancipado de novo, em 31 de outubro de 1921 voltou ao município de Fortaleza e em 1944 voltou ao nome original.

Messejana era outra aldeia indígena chamada Paupina que foi catequizada e pacificada pelos padres jesuítas mudando o nome para Santo Antônio de Paupina, o Marquês de Pombal depois de expulsar os jesuítas mudou o nome do lugar para o nome português de Messejana, deixou o local abandonado e sem educação como as outras aldeias jesuíticas do Brasil e em 31 de outubro de 1921 voltou ao município de Fortaleza. O nome Paupina hoje é usado para um bairro afastado do Centro de Messejana, não confundam.

Outras aldeias catequizadas e pacificadas pelos jesuítas foram Nossa Senhora dos Prazeres de Caucaia, a atual Pacajus e alguns atuais municípios do interior como Telha (a atual Iguatu) e Icó que eram pacíficas e catequizadas missões jesuítas abandonadas por ordem pombalina.

O que Parangaba e Messejana têm em comum? Eram e são até hoje centros regionais:

Parangaba tem em seu Centro uma igreja matriz, uma praça, casas e até um shopping; tem centros comerciais anexos que são os bairros vizinhos Montese e Jóquei Clube; tem 2 terminais; tem hospital público regional, teve como bairros anexos Pici e Marupiara (atual Jóquei Clube); é o centro regional de bairros como Itaperi, Bonsucesso, Bom Jardim, João XXIII, Henrique Jorge, Conjunto Ceará, Maraponga, Mondubim, Conjunto José Walter, Conjunto Esperança, Vilas Manoel Sátiro e Peri e outros e é a atual sede do capenga Fortaleza Esporte Clube que hoje está na Série A do Campeonato Brasileiro.

Messejana tem em seu Centro (que é mais pujante que o Centro de Caucaia) uma igreja matriz, uma praça e até um shopping próximo; tem um centro comercial anexos na Av. Frei Cirilo; tem hospital público regional, tem terminal de ônibus; tem como bairro anexo Paupina e substitui o centro da cidade para quem mora na região.

Mas infelizmente os bairros anexos à estas regiões são os menos assistidos pela prefeitura e pelo governo do Estado, são os que mais têm ruas de areia, têm alguns dos bairros mais violentos da cidade como Bom Jardim e Planalto Ayrton Senna (este último teve que mudar de nome por causa da violência) e têm algumas regiões tristes sem ânimo como a região da Av. Osório de Paiva, o triste Genibaú, o Conjunto Ceará que nunca teve uma avenida para os outros bairros e deve ter os maiores índices de pobreza. Algumas regiões são terreno propício para ações da esquerda política de assistencialismo e convocação de militantes: no Conjunto Palemiras que tem um grande histórico de militância marxista surgiu o Banco Palmas que dá emprego para algumas pessoas e tinha (ou ainda tem) o bairro na mão com um dinheiro comunitário que é usado nos útimos anos para remediar crises econômicas nacionais geradas pelos grandes metacapitalistas neoliberais ou pela aliança PT-neoliberais.

O quaõ importante é a efetiva descentralização, não a descentralização das regionais administradas diretamente pelo grupo político do prefeito de Fortaleza, mas sim que cada escola determine o que vai ser ensinado, que cada posto de saúde faça sua própria administração e que cada bairro ou distrito cuide da sua praça e da sua Areninha. O decreto de 1921 jamais deveria ter sido aceitado e tem que ser revogado e cada um dos 3 municípios, incluindo Fortaleza seria melhor administrado.

O mesmo problema de centralização e menor assistência também acontece em grandes cidades do mundo: Bogotá (Colômbia), Madrid (Espanha) e a Metrópole de Vitória no Espírito Santo apesar de não ser um exemplo administrativo já revogou incorporações de municípios por lá.

Bibilografia de alguns tópicos: o artigo sobre Parangaba (Porangaba) no site "Fortaleza Nobre" e alguns textos do mesmo site.