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Comentário sobre os resultados das eleições municipais no Brasil

  • Luan César da Costa
  • 6 de out. de 2024
  • 6 min de leitura

Atualizado: 9 de out. de 2024

Desempenho por partidos e grupos políticos:

Reacionários

Principal desafio: o desafio para os prefeitos reacionários em geral é manter as verbas garantidas para as grandes cidades que o governo federal dá.

Perfil dos eleitores: a maioria dos eleitores reacionários é da classe C ou da classe média baixa, é católico ou evangélico (oficialmente se chama protestante) e isto explica quais são os distritos eleitorais onde Pablo Marçal ganhou em São Paulo: ele ganhou em boa parte da Zona Leste que é a zona mais pobre, mas não ganhou nas partes mais pobres dessa zona.

A maioria dos reacionários duvida das pesquisas quando elas não mostram o seu candidato preferido como o líder, mas se o candidato deles é líder, as pesquisas estão certas. Um recado para esta maioria reacionária: decidam-se e se toquem: você acredita em pesquisa só quando convém mesmo que IBOPE e Datafolha digam que suas amostragens entrevistem aleatoriamente os eleitores.

Bolsonaristas

Os candidatos do ex-presidente Bolsonaro se consolidaram na política assim como a esquerda tem há décadas um número bem significativo de eleitores fiéis nas grandes cidades, mas ainda não é suficiente para vencer em várias cidades assim como a esquerda consegue ganhar em algumas capitais.

Reeleitos no 1. turno: João Henrique Caldas (chamam ele de JHC) em Maceió porque a capital de Alagoas - que também é a cidade que tem mais militantes esquerdistas naquele estado - continua rejeitando fortemente a esquerda não por causa de valores, mas sim porque a esquerda cassou o mandato do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1992 e Tião Bocalom em Rio Branco;

Vão para o 2° turno em 1. lugar: André Fernandes em Fortaleza, o candidato de Goiânia, o deputado federal Abílio em Cuiabá, Emília Corrêa em Aracaju, Janad Valcari em Palmas e Bruno Engler em Belo Horizonte;

Vão para o 2° turno em 2. lugar: o ex-ministro da Saúde Marcelo Quiroga em João Pessoa e Mabel em Goiânia

E perderam no 1° turno e em 2° lugar: Alexandre Ramagem no Rio de Janeiro e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado no Recife.

Outros reacionários

Eu não sei se ela é bolsonarista, mas ela é reacionária: Cristina Graeml, uma ex-jornalista da RPC, o grupo afiliado à Rede Globo no Paraná que surgiu com os donos do principal jornal paranaense que é a "Gazeta do Povo", vai para o 2. turno em 2. lugar. Sim, aquele jornal que atualmente é reacionário pertence a um grupo que entre 1976 e 2000 dividiu com a própria Globo o controle das afiliadas da rede em um dos estados mais populosos do Brasil.

Rio Branco: na capital do Acre apesar de terem políticos de esquerda fortes como Tião Viana porque é uma capital estadual, não é tão grande para ter uma presença mais forte da esquerda militante.

Goiânia: é uma surpresa 2 candidatos reacionários irem para o 2. turno porque assim como outras grandes cidades do país, lá tem uma presença relevante da esquerda apesar do predomínio de direitistas como Ronaldo Caiado e de centristas como Iris Resende (este Iris é homem) e o falecido Maguito Vilela.

Parece que nenhum dos reacionários que vão para o 2. turno vai ganhar as eleições de fato por causa da alta rejeição do bolsonarismo apesar do crescimento bem-sucedido de André Fernandes em Fortaleza que além de ter os eleitores fiéis reacionários, hoje busca o eleitor insatisfeito com as outras opções.

São Paulo: Pablo Marçal perdeu a eleição por causa do depoimento falso contra Guilherme Boulos, por causa da comparação que ele fez da cadeirada com os atentados contra os candidatos a presidente dos seua respectivos países Jair Bolsonaro e Donald Trump e por causa da falta de campanha em redutos pobres.

A antiga direita venceu em Salvador: nada de novo com o prefeito reeleito no 1. turno.


Centro

Perfil dos eleitores: servidores públicos ligados a um governante de centro, pessoas de bairros afastados da periferia das cidades que votam com a esperança de ter obras públicas e pessoas extremamente pobres e dependentes do Estado. Exemplo: em São Paulo, o atual prefeito Ricardo Nunes teve muitos votos nos bairros mais afastados da cidade que estão no Extremo Sul e no Extremo Leste.

Mas o Partido Social Democrático (PSD) que não é social-democrata, mas sim do centrão, foi o vencedor de fato apesar do boicote de alguns reacionários contra o partido devido ao alinhamento do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (MG) ao governo Lula:

Foram reeleitos no 1. turno: Eduardo Paes no Rio de Janeiro, Eduardo Braide em São Luís e Topázio em Florianópolis

e vai para o 2. turno em 2. lugar em Belo Horizonte.

Esta sigla está mais vitoriosa do que o PMDB, ou seja, o centrão continua firme e forte. E no outro dia, todo mundo se lembra o que o centrão é de fato: a maioria deles são picaretas que se vendem por dinheiro.


Esquerda

Perfil dos eleitores: tem eleitores cativos nas áreas nobres que são os chamados "endinheirados com consciência social" formados nas universidades públicas, servidores públicos ligados a um governante de esquerda e pessoas de bairros afastados da periferia das cidades que dependem da assistência estatal. Exemplo: em São Paulo, Guilherme Boulos teve muitos votos nos bairros mais afastados da cidade que estão no Extremo Sul e no Extremo Leste e nos bairros mais abastados como Pinheiros e Vila Madalena.

PT

Só em Fortaleza com Evandro Leitão, em Natal com Natália Bonavides e em Cuiabá com Lúdio, o PT do presidente Lula vai para o 2. turno e vai em 2. lugar.

O PT ficou em 2. lugar, mas perdeu no 1. turno em Teresina apesar do Piauí ter sido o estado onde Lula teve mais votos em 2022 devido ao predomínio da pobreza.

PSOL

Ficou em 2. lugar e perdeu no 1. turno em Teresina, Florianópolis e Macapá e vai para o 2. turno em 2. lugar em São Paulo.

Com relação ao PSOL, eles governam Belém do Pará, a capital da Amazônia Oriental e pelo que eu vi em uma página do Instagram de lá chamada "Belém Atualidade" que eu não sei de qual lado eles estão, eu só vejo nos comentários das publicações críticas ao prefeito Edmilson Rodrigues apesar da página ser voltada ao público geral. O governador Hélder Barbalho também leva muitas críticas nos comentários, mas tem alguns defensores.

PDT

Vai para o 2. turno, mas em 2. lugar em Aracaju.

Sobre Ciro Gomes, eu falo sobre a eleição de Fortaleza no texto "Fortaleza reproduz as últimas eleições para presidente".

PSB

Recife teve novidade nenhuma: o status quo pernambucano que é o Partido Socialista Brasileiro, foi reeleito por lá e era da família Arraes: em 2020 2 primos da família Arraes disputaram e nesse ano, o prefeito de lá foi reeleito no 1. turno. Mais 4 anos na mesmice: mais 4 anos com o Rio Capibaribe e com o canal da principal avenida da cidade permanecendo imundos.


Prováveis vencedores no 2. turno:

PT - esquerda

Fortaleza: o PT do presidente Lula em Fortaleza devido à alta rejeição do ex-presidente Bolsonaro no Ceará.

PL - direita

Cuiabá: o bolsonarismo (abrigado no PL) com o deputado federal Abílio devido à alta rejeição do presidente Lula no Mato Grosso e à alta popularidade do ex-presidente Bolsonaro naquele estado.

União Brasil - direita

Goiânia: o grupo do governador de Goiás Ronaldo Caiado (abrigado no União Brasil) em Goiânia devido à alta popularidade do governador.

MDB - centro

São Paulo: Ricardo Nunes devido ao perfil radical de Guilherme Boulos, à baixa rejeição ao aliado e governador do estado de São Paulo Tarcísio de Freitas, ao fato de ser o atual prefeito e ao fato dele ter feito um mandato tímido.

Igor Barbalho em Belém apesar dele esconder o sobrenome do senador Jáder Barbalho. A afiliada da Rede Bandeirantes no Pará RBA TV pertence à Jáder e historicamente tem a maior audiência da Band no Brasil devido a ações com fins políticos, à pouca programação local da Record e do SBT que são representados por meras filiais, à infraestrutura muito boa e aos fortes investimentos em programação local, tudo isto sendo custeado pela verba publicitária mandada pelo governador paraense Hélder Barbalho (o mesmo do escândalo dos respiradores na crise do Covid-19) - e virão muito mais verbas para a emissora não ter crise -; já a afiliada da Rede Globo TV Liberal está tendo problemas financeiros bem mais graves do que os da rede que eles representam porque o grupo político que os donos apoiam, o PSDB paraense, não tem nem a Prefeitura de Belém e nem o governo do Pará para enviar verbas publicitárias.

Podemos - centro

Palmas/TO: o candidato é Eduardo Siqueira Campos, parente de Siqueira Campos, o fundador do estado do Tocantins e ex-governador daquele estado.

PSD - centro

Belo Horizonte: o candidato oposto é o deputado federal bolsonarista Bruno Engler.


Bibliografia:

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