Qual é a linha da produtora Brasil Paralelo?
- Luan César da Costa
- 17 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Texto meramente descritivo sobre os principais documentários e sobre polêmicas das produções da produtora audiovisual reacionária "Brasil Paralelo":
Congresso Brasil Paralelo - 2016
Na sua 1ª série documental, nomes reacionários como Luís Phelliphe de Órleans e Bragança (sim, um membro da Família Imperial brasileira e parente de dinastias europeias como os Habsburgo, Órleans, Bragança etc.), o então deputado federal e posterior presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Instituto Mises Brasil (não tem relação com o Mises Institute dos Estados Unidos) Hélio Beltrão, o presidente do Instituto Millenium, o filósofo e escritor Olavo de Carvalho e outras figuras reacionárias da época discutiam soluções para o Brasil depois da cassação da então presidente Dilma Rousseff. Beltrão sugeriu uma educação baseada em tablets assim como a que existe no Vale do Silício dos Estados Unidos, um modismo futurista da década passada que se mostrou errado e que hoje é considerada muito errada entre os reacionários.
Brasil: A Última Cruzada - 2017
Os primeiros episódios retratam a visão tradicional portuguesa sobre a fundação de Portugal e o descobrimento do Brasil sob forte influência do historiador católico Thomas Giuliano.
Mas o famoso episódio "Independência ou Morte" é muito inspirado na visão pessoal do liberal Luís Phelliphe de Órleans e Bragança - em uma entrevista ao programa "Contraponto" do "Brasil Paralelo", ele aparenta ser maçom -, que atualmente é deputado federal e do historiador santista Rafael Nogueira - conterrâneo do mentor da secessão que foi o maçom José Bonifácio de Andrada e Silva - que defende a independência do Brasil com uma visão romantizada defendida por um membro da Família Imperial e descendente de Dom Pedro I, Dom Pedro II e Princesa Isabel. Este episódio ajudou a formar uma boa visão sobre a independência entre os reacionários apesar de Olavo de Carvalho dizer nesse episódio que era melhor o Brasil ter permanecido com Portugal.
1964: O Brasil entre armas e livros - 2019
Em junho de 2019 eu li no jornal impresso "O Povo" um artigo de opinião feito por um professor de História da Universidade Federal do Ceará (UFC) elogiando esta série de documentários que surpreenderam positivamente ele por ser crítica à Ditadura Militar e à censura. Isto foi na seção de "Opinião" do principal jornal do Ceará.
Pátria Educadora - 2020
Esta série documental começou seu 1° episódio mostrando Martinho Lutero como um libertador - o que é o contrário do que a maioria dos olavistas acredita -, mas depois mostrou a influência do pedagogo pernambucano Paulo Freire e defendeu o método fônico usado antes da "Pedagogia do Oprimido". O logotipo da série lembra uma das logomarcas mais lembradas do programa policial "Barra Pesada" da TV Jangadeiro, emissora afiliada do SBT no Ceará.
Conversa Paralela
Seguindo a proposta do "Congresso Brasil Paralelo" de promover a discussão entre os reacionários, em 2021 surgiu o programa "Conversa Paralela" em formato podcast onde já participaram desde influenciadores reacionários passando pelo dono da marca Multilaser até figuras televisivas como a jornalista Leda Nagle e a atriz Karina Bacchi. Ironicamente na entrevista com o criador da Multilaser, que também é dono de uma página na Internet chamada "Ranking dos Políticos", a apresentadora e professora de português Lara Brenner Queiroz disse que ser conservador é ser radical e o apresentador e influenciador libertário Arthur Morrinson concordou; outro ponto polêmico entre os reacionários.
Tratamento especial com o prefeito de São Paulo
Em 2023 em um programa fracassado chamado "Sabatina", entrevistaram o prefeito da cidade de São Paulo Ricardo Nunes com o tom de uma conversa entre amigos, sem explorar polêmicas.
Na última semana antes do 1° turno das eleições municipais para prefeito de São Paulo em 2024, fizeram minidocumentários críticos ao atual prefeito, ao candidato apoiado pelo presidente Lula Guilherme Boulos e à Pablo Marçal. Todos eles foram duramente criticados, mas ao final do episódio sobre Nunes, colocaram uma mensagem narrada dizendo que ele era a opção mais moderada para prefeito de São Paulo.
Do rio para o mar - 2024
Este documentário que é chamado pelo nome em inglês "From the river to te sea" segundo o próprio Brasil Paralelo foi aplaudido na capital do Estado de Israel, Tel Aviv.
Entrevistaram cientistas políticos a favor do Estado de Israel, um iraniano, o filho de um dos fundadores do Hamas, muçulmanos a favor dos terroristas e uma brasileira que teve o namorado judeu morto no ataque de 7 de outubro do ano passado, 2023; mas o documentário não entrevistou os judeus radicais que querem aniquilar os palestinos. O documentário descreve o horror do Hamas, o perigo do projeto imperialista do Irã e faz um alarmismo sobre uma invasão muçulmana da Europa apesar da maioria dos imigrantes islâmicos não estar interessada em ter muitos filhos.
Dias depois do ataque de 7 de outubro, o Brasil Paralelo foi convidado pelo consulado do Estado de Israel em São Paulo para ver vídeos mostrando a brutalidade das ações horrorosas do Hamas.
De resto, geralmente a produtora dá espaço para reacionários como Luís Phelliphe de Órleans e Bragança que atualmente vive reclamando do centrão e que um dia desses estava reclamando de mandar verbas para o estado de São Paulo; o ex-comentarista da TV Cultura de São Paulo Christian Lohbauer; liberais como o italiano Adriano Gianturco, Hélio Beltrão e Dennys Xavier; historiadores como Rafael Nogueira e Thomas Giuliano; o músico pernambucano João Nogueira "Rasta", que toca em uma banda com um filho do roqueiro John Lennon e para figuras que aceitam ser entrevistadas por eles como Pablo Marçal e como o comunista Aldo Rebelo, o ex-ministro do Esporte do governo de Dilma Rousseff etc.
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