Documento da Conferência de Educação do governo federal tem tom político
- Luan César da Costa
- 17 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
Eu já disse um dia desses sobre o governo brasileiro ter convocado a Conferência Nacional de Educação (Conae), mas existem detalhes assaz interessantes: a conferência foi convocada em caráter EXTRAORDINÁRIO no dia 11 de setembro tal como diz este decreto do presidente Lula: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03...
Aqui está o documento referência de 179 páginas, vamos pegar só alguns trechos porque eu gostaria de pegar mais trechos - o que demoraria mais tempo.
Este trecho ocupa a maior parte da página 12 - a 1ª página de introdução:

É a narrativa de que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por um golpe parlamentar, isto é verdade, mas o motivo foi porque o seu governo se aproximou mais da ditadura chinesa e se distanciou do governo dos Estados Unidos - o que foi comprovado na época pela Operação Lava-Jato que descobriu que o BNDES e empreiteiras brasileiras estavam cooperando em obras em 2 países do eixo soviético: Venezuela e Cuba - porque tal como eu disse num outro artigo deste site o Brasil é do estabilishment norte-americano. Lula apesar da afinidade com o eixo da Rússia transitava bem nos seus primeiros mandatos entre os eixos opostos e sua sucessora ficou conhecida na época pela falta de habilidade política.
Austericídio - a combinação das palavras austeridade e genocídio -, ou seja, para o MEC medidas de austeridade são genocídio usando do mote "Bolsonaro genocida". Este movimento de esquerda Fórum Nacional Popular de Educação segundo o documento foi uma forma de resistência e segundo o governo existe a necessidade de um MEC mandando cada vez mais.

Pergunte a qualquer aluno de escola estadual do Ceará se os últimos governadores Cid Gomes (o dito transformador da Educação em Sobral) e Camilo de Santana (o atual ministro da Educação) promoveram melhorias na educação, eles te responderão que as escolas públicas continuam cada vez mais abandonadas: problemas de estrutura, salas superlotadas, merenda horrível, uma frequente falta de professores, de vez em quando ocorrem longas greves inclusive nos governos Cid e Camilo, alguns professores que enrolam e não querem ensinar e frequente bagunça generalizada. Eu conheci alunos de escola pública e na única vez em que eu visitei uma escola pública, eu vi uma estrutura abandonada.
No ponto 620 localizado na página 101 está a mais nova extensão da sigla para os não-héteros LGBTQIAPN+: lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, queer (também conhecidos como travesti, traveco e transformista), intersexuais, assexuais, panssexuais (pegam tudo) e o N significa para mim "não sei". Eles precisam de uma palavra definitiva chamada não-héteros, a sigla muda tão rápido que se a pessoa não se atualizar poderá ser presa por homofobia porque esqueceu algum grupo.
Olha os termos da página 104: LGBTQIAPN+fobia no ponto 640 e no ponto 641 temos LGBTQIAPN+fóbicos. Aliás, vamos ler o ponto 641 na mesma página:
641. Especialmente no Brasil pós-pandemia, e pós-governo de extrema direita, durante os últimos anos, o que se viu foi a não efetivação de um conjunto de políticas e diretrizes voltadas à garantia da educação inclusiva, e um ataque sistemático à diversidade e a todos
os seus movimentos e coletivos, na contramão das suas principais lutas e avanços sociais conquistados. Foram tempos de retrocessos políticos, culturais, econômicos e sociais. No atual contexto histórico e político brasileiro, o
Congresso Nacional, as assembleias legislativas, as câmaras municipais e a Distrital estão tomadas por parcelas significativas de grupos conservadores e suas pautas fundamentalistas e excludentes. Os avanços da
democracia, do reconhecimento e respeito à diversidade, dos direitos humanos e da justiça social sofrem ataques violentos de forças midiáticas, parlamentares, ruralistas, políticas, jurídicas e conservadoras. Os ataques
machistas, racistas, sexistas, misóginos,
LGBTQIAPN+fóbicos, xenófobos e capacitistas, passam a ser a norma de projetos e discursos do Congresso Nacional. O judiciário e o legislativo, desde a polarização
política instituída no Brasil, no pós-golpe, têm construído posicionamentos, muitas vezes contrários aos direitos humanos, trazendo também a importância da defesa desses princípios na esfera jurídica, auxiliando na
fundamentação de argumentos científicos para os julgamentos e denunciando comportamentos não toleráveis no âmbito da prática jurídica. Os direitos humanos são secundarizados da cena pública e política,
dando lugar às políticas conservadoras de segurança pública, tais como a construção de novos presídios e o recrudescimento da violência policial, que ganha força.
Os movimentos sociais e suas lideranças são
criminalizados. Na educação, materializaram-se um conjunto de políticas educacionais de base ultraconservadoras como a educação domiciliar (homeschooling), militarização das escolas, e intervenções do movimento Escola Sem Partido, do agronegócio e retomada da privatização da educação.
É tanta vírgula que as vírgulas estão em excesso, este é o documento norteador da educação.
Na página 105 temos o ponto 644 que fala sobre os movimentos sociais e menciona o movimento "altas habilidades e superdotação", o leitor já ouviu falar desse documento? Aliás, vamos ler esta página toda:

O leitor já cruzou pessoalmente com alguém de movimento supermacista branco, fascista (ideologia supermacista italiana) ou neonazista (ideologia supermacista alemã)? Graças a Deus eu nunca vi alguém assim pessoalmente e eu não quero ver ou ficar perto de alguém assim. Eu já ouvi falar pela TV que existem grupos pequenos de lunáticos neonazistas na Região Sul, mas quando estes grupos surgem graças à Deus a Polícia descobre, pega e prende.
O ponto 654 na página 107 fala também sobre o movimento altas habilidades ou superdotação.
O governo determinar em Brasília o que as escolas dos 27 estados e mais de 5.500 municípios além das escolas particulares tem que ensinar é uma atitude grossa.
Documento completo:
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