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Porque a indústria audiovisual brasileira está decadente?

  • Luan César da Costa
  • 8 de jun. de 2024
  • 4 min de leitura

Hoje eu li no site especializado "Tela Viva" sobre uma palestra feita pelo diretor brasileiro Carlos Saldanha dos filmes infantis "Era do Gelo", "Rio" e "O Touro Ferdinando" em um evento de mídia no Rio de Janeiro e lá ele estava se lamentando porque não existe uma indústria consolidada de animação no Brasil e se lamentando que a ascensão de produções dos países estrangeiros através do streaming diminuiu a presença dos produtos brasileiros no exterior.

Agora vamos ver o porquê da decadência audiovisual brasileira e a solução.


A dramaturgia televisiva nas últimas décadas

Nas últimas décadas, a única força importante audiovisual brasileira foi a Rede Globo de Televisão: tanto as telenovelas, séries e filmes feitos no Rio de Janeiro; quanto os curta-metragens e seriados feitos pela afiliada RBS TV em Porto Alegre que tinham destaque em festivais de cinema nacional e projetos especiais feitos pelas retransmissoras nordestinas TV Bahia, TV Globo Nordeste do Recife no final da década de 1990 e telefilmes recentes recheados de estereótipos feitos pela TV Verdes Mares do Ceará. Só prestam as produções derivadas de livros e exceções pontuais como algumas minisséries e esporadicamente séries.

O SBT tem alguns projetos de teledramaturgia nacional sem consistência a longo prazo e seus únicos sucessos foram adaptações de novelas dramalhões mexicanos como "Carrossel", "Carinha de Anjo" e 2 adaptações da novela argentina "Chiquititas"; nos últimos anos eu só me lembro de uma série feita por eles que parecia ser interessante chamada "A Garota da Moto" (2016). Só na época da Rede Tupi, a rede da família Marinho tinha uma concorrente de verdade.

A Record também tem alguns projetos de teledramaturgia nacional sem consistência a longo prazo e só obteve sucessos esporádicos como "Prova de Amor" (2005) que parecia ser uma novela global e "Os Dez Mandamentos" (2015) do único gênero que a rede de Edir Macedo fez nos últimos anos: novelas e séries baseadas no Antigo Testamento da Bíblia que parecem ser a mesma novela sendo exibida e reprisada há muitos anos. Elas só têm relevância para alguns protestantes que evitam ao máximo assistir as produções "mundanas" das concorrentes apesar da qualidade técnica da novela sobre Moisés e do fato da produção ter sido exportada para vários países.

E estas produções são feitas a partir da visão que Edir Macedo têm da Palavra de Deus, que é uma versão feita para enganar as pessoas e tirar seu dinheiro.

A Rede Manchete teve um período de constância na produção de novelas, séries e minisséries entre 1984 e 1992 - foi nesta época que foi ao ar a novela "Pantanal", que é lembrada por ser líder de audiência - e voltou a produzir entre 1995 e 1998. Como a sede era no Rio de Janeiro, a rede revelava atores que a Globo usaria depois e recebia atores e profissionais vindos da Globo.

Depois da venda para Amílcare Dallevo Júnior e Marcelo de Carvalho e da troca de nome dessa rede para RedeTV! em 1999; eles só produziram séries esporádicas sem sucesso nos anos 2000 como "Vila Maluca", uma imitação barata e besta do "Chaves".

A Rede Bandeirantes - mais conhecida como BAND - também tem alguns projetos de teledramaturgia nacional sem consistência a longo prazo, por exemplo: atualmente esta rede não produz novela (a última novela a ir ao ar foi "Água na Boca" em 2008), série, minissérie ou filme. Só exibe séries estrangeiras, filmes estrangeiros e filmes brasileiros antigos que estão no seu acervo até hoje.

Como esperar um projeto consistente dessas outras redes se os diretores nem acreditam no potencial que eles têm de fazer uma série ou uma novela interessante? Ainda mais pelo fato do modelo global que dita o que as outras redes fazem pela incompetência historicamente maior das outras redes, nos Estados Unidos - o maior mercado audiovisual do mundo - existem as produções totalmente próprias, as coproduções e as totalmente independentes e na Argentina a força criativa que fez o país exportar programas e formatos é das produtoras e não das emissoras.


Os grandes streamings não criaram sucessos mundiais brasileiros

O Netflix a partir da produção da série "3%" começou a fazer suas produções nacionais e depois outras passaram a produzir: a Prime Video fez também as suas como por exemplo a série "Dom" e outros streamings também produzem de maneira contínua no Brasil, na América Hispânica, na Coréia do Sul ("Round 6" do Netflix e as novelas chamadas doramas são de lá), na Turquia etc.

A Fox Film do Brasil antes disso começou a fazer coproduções de séries nacionais comparáveis às produções globais como a série mencionada anteriormente "A Garota da Moto" em coprodução com o SBT e "Impuros" e com a compra dos estúdios Fox pela Disney Company, este projeto de produções nacionais foi incorporado ao Star+ com outras produções como "How to be a carioca" (com o cantor e ator Seu Jorge) e outras.

Mas nenhuma teve o sucesso de "La Casa de Papel" (a Espanha ao contrário dos países hispano-americanos não é uma potência audiovisual), do "Round 6" e das novelas coreanas e das novelas da Turquia (na Argentina e no Chile são as telenovelas predominantes hoje). Por quê? Mesmo que estas produções sejam porcarias, elas têm enredos diferentes do que o público já viu.

Por outro lado, quem tem um projeto a longo prazo é a produtora reacionária "Brasil Paralelo": nessa semana a produtora que fez documentários com milhões de visualizações - ou seja, mesmo se o leitor não gostar das produções deles, este exemplo não deveria ser esquecido ao falar em produtoras independentes por ser um raro caso de sucesso de produções independentes no Brasil - da Internet como "Brasil: A Última Cruzada" e "1964: O Brasil entre armas e livros" há alguns anos atrás, lançou o seu 1° desenho animado chamado "Pindorama".


A solução global

A Rede Globo tem um projeto de lei que encareceria os preços dos streamings: cota de produções nacionais e nos últimos meses segundo sites especializados, eles estudam a possibilidade de colocar suas produções em outras plataformas de streaming. Resultado: portanto os preços seriam mais caros, algumas pessoas deixariam de assinar streamings e as pessoas ficariam restritas à TV aberta.


Como sair dessa má situação?

Criar produtoras independentes e as redes de televisão terem novos diretores melhores.


Bibliografia:

Sobre a Rede Manchete: redemanchete.org, site mantido por um admirador dessa rede que conta a história dessa rede. Este endereço não é da família Bloch e não é ligado à RedeTV!

 
 
 

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